Os maus professores

Hoje é um dia especial! Comemoramos o dia dos Professores. Aqueles que nos ajudaram a alicerçar parte de nossa história e profissão. 

Falar sobre bons professores é algo fácil! Nos dá animo para desenhar linhas bem articuladas, matrizes e funções, anamneses, redações reveladoras, entre outras. Isso acaba sendo fácil! Porém não é sobre isso que quero discorrer.

Precisamos trazer à tona algumas reflexões e revelações. Os maus professores. Sim! Eles existem e acabam sendo responsáveis pelo aniquilamento de inúmeras mentes e grandes potenciais. 

Lembro-me da quinta ou sexta série do antigo primeiro grau, estudando em escola pública em São Paulo. Tinha um professor de matemática (sei o seu nome e possui um perfil no facebook, portanto irei preservar sua “imagem”), que ao chegar na sala de aula, ouvindo a algazarra da meninada.  Simplesmente, virava-se para os alunos e determinava do alto do seu poder; “Vocês vão escrever no caderno, quinhentas vezes, não devo fazer bagunça na sala de aula!” Sentava-se com seu ar soberbo em seu trono, abria o jornal e ocupava seu tempo nos ignorando. Nós alunos ficávamos escrevendo aquelas linhas que nos davam nos nervos. Ao final da aula entregávamos humilhados aquelas páginas inúteis e as mesmas eram jogadas no lixo. Aquele momento de minha formação, onde as bases matemáticas deveriam ser aprendidas e alicerçadas, foram completamente destruídas. Passei a odiar a matéria, fazia o suficiente para passar de ano. Cheguei no segundo grau um analfabeto matemático, odiando a matéria, isso acabou repercutindo na física também. Os anos se passaram, entrei para o cursinho e lá, diante de grandes e bons professores descobri a magia daquela ciência exata. Entrei para a faculdade de medicina, tornei-me cirurgião vascular e sou feliz e grato pelos bons professores que tive. Confesso que amei a todos, mesmo aqueles severos, rudes, ríspidos, mas que eram bons mestres. Menos meu professor de matemática lá de trás!


Atualmente realizo um curso de formação em inteligência artificial aplicada à medicina. Muitos perguntarão; por que um médico foi se envolver com algo tão matemático? Pois então, aquele asco provocado por aquele professor naquele momento. Deu-me força e coragem para enfrentar novos desafios. Obvio que tenho minhas dificuldades, mas a cada função, cada derivada, cada matriz superada, um sentimento de vitória toma conta do meu ser.

Por que decidi trazer isso a toda? Simplesmente porque alguns professores que acompanham nossos filhos se enquadram na mesma condição daquele professor de matemática. Bons professores ainda existem e isso nos acalenta. Porém, os maus ainda insistem em abrir seus jornais, ignorando a importância de suas nobres profissões. Ignoram talentos, aniquilam mentes, trancafiam gênios em caixinhas de ignorância. 

Ser professor não é uma profissão para todos. Não são mestrados, doutorados, pós doutorados, entre outras titulações, que formarão um bom mestre. Há de se contar com a verdadeira vocação e principalmente com o amor. A capacidade de doação é algo que deve fazer parte dessa equação. Obviamente a questão financeira precisa estar presente nessa discussão. Mas para melhorarmos isso, precisamos discutir esse modelo equivocado de então. Educação deve estar na prioridade de qualquer proposta. Livre de interesses descabidos do Estado, ideologias de desconstrução e de mentes limitadas.

Devemos avivar a chama dos bons e nobres professores. Devemos elevá-los a patamares de reconhecimento e gratidão. Mas, devemos também ter coragem de excluir de nossa educação, àqueles que não acrescentam absolutamente nada no que diz respeito a boa formação.

Um viva aos meus bons e amados professores! 

Jefferson Kleber Forti

Belo Horizonte, 15 de outubro de 2020

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